segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

CARTA AO PAI NATAL


Todos os anos, de há muitos para cá, muitos mesmo, escreve uma carta ao venerando sacripanta de barbas e casacão vermelho, com posto de correio em Rovaniemi, lá para o Circulo Polar Árctico, plena Lapónia, onde, dizem, os dias são azuis, que lhe coloque, no cantinho esquerdo da árvore de Natal, uma garrafa de verdadeira água tónica, para que ele possa beber o perfeito «gin-tonic».

 Não pede a lua, apenas uma garrafinha de tónica.

Ele explica o que é isso da verdadeira água tónica: é a que tem quinino.

 A que se vende por aí tem hidrocloreto de quinino.

 Faz uma certa diferença...

 Foi o José Duarte quem lhe disse que a tónica com quinino, empresta ao «gin» um sabor único, um sabor de paraíso.

 De fazer inveja aos deuses, acrescentou.

É com isso que ele se contentava neste Natal.

 Sabe que não vive em Sirius, mas ficava feliz.

E o Khaled, o dono do mini-mercado-de-conveniência aqui da rua, já lhe garantiu que arranjará limões com casca amarela.

No fundo vive de coisas simples, pequenas alegrias, pequenas esperanças.

 Sorri, quando lhe desejam Bom Natal, mas sabe, também, que quando se estende uma mão, raras vezes se encontra outra.

Texto de Gin-Tonic

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