quarta-feira, 18 de maio de 2011

GENTLEMEN


António Sousa Freitas (bateria), Jorge Carp (viola-baixo), Jaime Queimado (viola-ritmo) e Claude Carp (viola-solo)

Os Gentlemen (1963-1965) foram a banda de acompanhamento de Daniel Bacelar em 3 dos 7 discos do Ricky Nelson português.

Constituíram-se em 1963 com Claude Carp (viola-solo), o irmão Jorge Carp (viola-baixo), Chico (viola-ritmo) e João Silveira (bateria).

Com esta formação. gravaram dois discos com Daniel Bacelar em 1963 e em 1964.

Em Setembro de 1963, participaram com Daniel Bacelar no Concurso Tipo Shadows, no cinema Roma, em Lisboa.

Em 1965, com a formação constante na imagem, os Gentlemen gravaram o seu último disco com Daniel Bacelar, após o que se separaram, com o regresso dos irmãos Carp a França para conclusão dos estudos.

Jaime António Pinheiro Simões Queimado fez aos 10 anos a sua primeira guitarra, com uma embalagem de madeira, a régua da escola, uns pregos e o fio de pesca do Pai e aos 13 já tinha a sua primeira banda - Golden Stars - com Fernando Tordo, João Guerra e Carlos Bastos.

Cantávamos a vozes, tipo Golden Gate Quartet ou Trio Odemira, mas também Ricky Nelson e até Cliff Richard. Eu tinha umas maracas, só o Carlos Bastos sabia tocar viola, por curiosidade alugada na Escola Duarte Costa, lembra Jaime Queimado.

Depois dos Golden Stars, Jaime Queimado forma uma segunda banda, cujo nome não se recorda, com o irmão Luís e ainda Rui Bettencourt (bateria) e Duarte Mendes (viola-ritmo e voz). O repertório era Cliff Richard e Shadows.

Sem falsa modéstia, o Conjunto Mistério não nos chegava aos calcanhares. Ainda pensámos concorrer ao Concurso Tipo Shadows, mas éramos só uma grande banda sem material.

Ainda em 1963, Jaime Queimado integra a segunda formação dos Telstars, (não participou na gravação do disco), um dos primeiros conjuntos yé-yé portugueses e, segundo afirma, um dos primeiros a cantar Beatles em Portugal.

Depois da experiência dos Telstars, Jaime Queimado parte para os Fanatics, outro grupo instrumental, onde pontuava Michel, le chéf, não chegando a gravar o único EP do conjunto.

Nos bailes, os Fanatics tinham um coro feminino de três chanteuses, Katie (suiça-alemã), Marianne (anglo-francesa) e Nicole (francesa-argelina), o que era inédito.

Depois dos Fanatics, Jaime Queimado foi para os Gentlemen para acompanhar Daniel Bacelar tendo gravado o EP de 1965, após o que voltou a mudar de agulha e foi integrar os Claves post-Concurso Yé-Yé para substituir Luís Pinto de Freitas, enquanto Manuel Costenla substituía José Athouguia na bateria.

Desta vez, fui para o baixo. A experiência, basicamente Beatles, durou pouco tempo, devido a um grave acidente de viação de João Ferreira da Costa (órgão) e também porque eu não quis tocar "Quero Que Vá Tudo Pró Inferno", lembra, sorridente, Jaime Queimado.

Veio depois uma fase a duo com Fernando Tordo para animar as festas da Central School Of English, após o que ambos integraram os Deltons, com Luís Moutinho e Luís Antero.

Os Who, os Hollies eram as referências que nos distinguiam. Éramos um grupo diferente. A fase, dita yé-yé, já tinha acabado.

Jaime Queimado é também compositor, tendo sido co-autor, por exemplo, de "Então Dizia-te", que Duarte Mendes defendeu no Festival RTP da Canção de 1970.

António Manuel Sousa Freitas, filho do poeta de Buarcos, Sousa Freitas, autor, por exemplo, de "Nunca Direi Adeus" (Sérgio Borges) e de "Figueira da Foz" (Maria Clara), nasceu em Lisboa a 03 de Maio de 1947 e aos 14 anos já tocava bateria com Luís Waddington, que viria mais tarde a pertencer ao Conjunto Mistério.

Em 1964 integrou a segunda formação dos Telstars, de onde saiu com Jaime Queimado para os Fanatics e depois para os Gentlemen, onde também gravou o EP de 1965 de Daniel Bacelar.

Para mudar de ambiente, Tó Freitas fixou-se depois em Coimbra onde viria a integrar o Conjunto Universitário Hi-Fi com quem gravou o primeiro EP do grupo, dedicando-se depois ao jazz, no Quinteto de Jazz da Associação Académica.

16 comentários:

bissaide disse...

Excelente texto, Luís! Mas referes que o EP do Hi-Fi foi o primeiro do António Freitas - então e o dos Gentlemen, "Um Mundo sem Amor", que o Daniel Bacelar tinha referido?

ié-ié disse...

Primeiro... do Hi-Fi! Estará mal explicado...

LT

bissaide disse...

Ok! ;-)

Anónimo disse...

Titá :
Os Gentleman tem sitio nesta tua listagem . Não acho bem estarem nos Fanatic´s apesar de dois elementos terem pertencido .
Esse Toy Queimado ando á procura dele há 35 anos e o Daniel Bacelar também .
Litó

Litó disse...

Titá desliga que eu é que me enganei

filhote disse...

Belo texto, Ié-Ié. Desconhecia até alguns dos factos relatados sobre Os Claves...

JC disse...

Deixo uma pergunta que pode servir de tema para uma reflexão: quais as razões para o tremendo êxito de Cliff e Shadows em Portugal e, como consequência, tb para a tremenda proliferação de "copycats" por cá gerada? Mais a mais, tratando-se de um sub-género do rock n' roll que necessitava de grandes investimentos em material caro e sofisticado? Fica a pergunta...

DANIEL BACELAR disse...

A quem interessar!!!!
Todos os músicos tanto portugueses ou não por volta dos 50 e 60 anos,devem tudo ás bandas instrumentais dos anos 60 tais como "the Shadows"ingleses,os "Ventures" americanos e muitos outros que com o seu trabalho,dedicação e bom gosto foram autênticas escolas de bem tocar.Não precisavam de para abafar as fifias dizerem que eram interpretações muito pessoais.
É por essas e por outras,que o panorama actual é paupérrimo e se não houvesse os grandes músicos da Country Music,isto seria um autêntico deserto com algumas sumidades que se apresentam por aí!!
Além disso não me parece que três guitarras três amplificadores e uma bateria seja assim uma aparelhagem por aí além.
Claro que também se podem dispensar os amplificadores e nessa altura chamar-se-á "unplugged" mas continua-se a ter de saber tocar .
Mas claro,há gostos para tudo,e cada um come do que gosta!!!

ié-ié disse...

Tenho a minha opinião, mas deixo para os músicos...

LT

JC disse...

Nota, para que não subsistam dúvidas: não estou de modo algum a pôr em causa o mérito de Cliff e Shadows, mas apenas a questionar das razões do especial sucesso por cá em comparação c/ rockers, mesmo britânicos,"teenage idols", "doo wop", duos do "tipo" Everly Brothers (por cá, apenas os "Conchas" tiveram relevância) e por aí fora.

Edward Soja disse...

Bem, o Jaime tem cá uma memória!
Lembrar-se que formou a primeira banda aos 13 anos...

Mas em que ano nasceu o Jaime António Pinheiro Simões Queimado?

Estas bandas eram quase todas de Lisboa (excepto os Hi-Fi...)?

:)

Litó disse...

O Jaime Queimado tem a minha idade nascidos o Tó , Toi e Litó em 1947

ié-ié disse...

Eu também!!! Por isso vou celebrar o "When I'm 64" a Liverpool...

LT

ié-ié disse...

Sim, todas as bandas são de Lisboa, excepto os Hi-Fi, que são de Coimbra.

LT

Edward Soja disse...

Obrigado, LT.

:)

ié-ié disse...

Jaime Queimado nasceu em 1946!

LT