domingo, 30 de maio de 2010

EASY RIDER 01


EMI RECORDS - SSL 5018

Lado 1

The Pusher (Stepenwolf) – Born To Be Wild (Steppenwolf) – The Weight (Smith) – Wasn’t Born To Follow (The Byrds) – If You Want To Be a Bird (The Holy Modal Rounders)

Lado 2

Don’t Bogart Me (The Fraternity Of Man) – If Six Was Nine (The Jimi Hendrix Experience) – Kyrie Eleison Mardi Gras (The Electric Prunes) – It’s Alright Ma (Roger McGuinn) – Ballad Of Easy Rider (Byrds)

Há cenas de filmes que nos perseguem pela vida. Como por exemplo aquela de um ainda desconhecido Jack Nicholson a sair da prisão em “Easy Rider". Era um cliente habitual da casa pelas suas costumadas bebedeiras.

Wyatt e Billy são presos por desfilarem de mota, sem terem licença para tal, no meio de uma parada do Carnaval de New Orleans. Batem com os costados na mesma cela onde está o Dr. Hausen.

Hausen é um advogado, filho de boas famílias e a quem, pela manhã, os policias levam uma aspirina para aliviar a ressaca.

Billy - Achas que consegues tirar-nos daqui sem problemas?

Hausen: Se não mataram ninguém, não há problema. Desde que não tenha sido um branco.

Por 25 dólares são postos em liberdade. Já na rua, Hausen saca do bolso do casaquinho branco uma garrafa de whisky.

Isto é para começar o dia, amigos.

Ergue a garrafa aos céus e grita: Ao velho D.H. Lawrence.

Bebido o gole de whisky faz um esgar trágico de sentir o mundo a desabar em cima dele e bate com o braço no corpo gritando “nique, nique, nique” fornecendo o informe que se trata de um grito índio.

Tem um cartão no bolso da “Casa das Luzes Azuis” de Madame Tinkertoy, “o bordel mais chique de toda a região do sul”.

Seria bom irem até lá. Partem os três estrada fora, nas suas lindíssimas motas, enquanto, em fundo, se ouve os Holy Modal Rounders a cantar “If You Want To Be a Bird” e as paisagens da América profunda vão desfilando, as estradas de que Luís Mira fala nas suas “Crónicas da América”.

“Easy Rider” é um filme realizado, em 1969, por Dennis Hopper que, juntamente com Peter Fonda o interpreta. É o filme de uma geração.

Eles não têm medo de ti, têm medo do que tu representas – a liberdade!
Dennis Hopper morreu sábado vítima de cancro. Tinha 72 anos. Um tipo com mau feitio, dizem, mas um artista de gabarito: escritor, pintor, fotógrafo e coleccionador de Arte.

Há uns tempos dele aqui falámos a propósito de “Blue Velvet”, do David Lynch. Uma das suas últimas aparições em público deu-se em Março deste ano, para receber uma estrela com o seu nome no passeio da fama de Hollywood, a número 2.403.

Confessou: diz-me muito, acreditem!

Por ele, fica aqui a capa da banda sonora de “Easy Rider” e também o disco dos Byrds, “Ballad of Easy Rider".

Chega um tempo em que os degraus são só de descida. Também não sabe por que carga de água, pelo meio da prosa, se foi lembrar do Guy Debord.

É quase um rapaz da mesma geração, quando nasceu tinha o Guy 14 anos. O seu livro “A Sociedade do Espectáculo” foi assim como que uma bíblia para os que, em Maio de 68, andaram pelas ruas de Paris para que os tempos mudassem.

Algures deixou escrito algo que Dennis Hopper teria gostado de ouvir: embora tenha lido muito, bebi mais. Escrevi muito menos do que a maior parte das pessoas que escrevem; mas bebi muito mais do que a maioria das pessoas que bebem.

Colaboração de Gin-Tonic

9 comentários:

Jack Kerouac disse...

Gosto de Dennis Hopper, não foi um actor do outro mundo, pelo menos até sábado, mas fez alguns papeis marcantes. Talvez mais de 100 filmes, não sei se foram os primeiros, mas contracenou com James Dean em "Fúria de Viver" e "O Gigante". Para lá do já citado Easy Rider e do "Blue Velvet", lembro-me de "Apocalipse Now" e "Rumble Fish", dentro daqueles que mais gostei. Este vai tornar o céu um lugar mais agitado.

Karocha disse...

Vai sim :-)

ié-ié disse...

Desculpem "mijar fora do penico", mas sempre achei "Easy Rider" (filme) uma grande seca!

LT

Luís Mira disse...

Gostos não se discutem, Companheiro Ié-Ié!

E confesso que há partes do filme que são de facto, para mim também, uma grande seca...

Mas quando os motores começam a roncar, a estrada se abre à nossa frente e os Byrds se põem a cantar "Wasn't Born to Follow", tudo se esquece e tudo se perdoa...

E só tenho pena de nunca ter conseguido ver "The Last Movie", que DH realizou em 1971. Talvez agora alguém se lembre dele...

filhote disse...

Acima de tudo, Dennis Hopper era Rock'n'Roll!

Obrigado pela homenagem, amigo Gin-Tonic.

ié-ié disse...

Mas "Wasn't Born To Follow" é um "video" dos Byrds, se é que me faço entender...

LT

Luis Mira disse...

Poderemos (e deveremos...) pegar pelo "Easy Rider" por várias pontas, nem todas elas directamente relacionadas com a chamada "linguagem cinematográfica"...

A sua relevância sociológica, a importantíssima contribuição que deu para a mudança do Cinema Americano dos Anos 70 mediante a introdução de novas temáticas e produções a "baixo custo", o papel que teve no acentuar da ligação Cinema/Música a partir desses tempos, a sua contribuição para a evolução da estética do "videoclip", tal como alvitras, e por aí fora...

Nada disso invalida que algumas passagens nos pareçam, hoje, datadas e dificilmente suportáveis, mas isso, em meu entender, não altera a importãncia que, na sua globalidade, o filme teve e tem.

Mas a conversa levava-nos longe e poderá ficar para outra oportunidade, à volta de uns "fininhos"...

JT disse...

falta de etiqueta :)

Banda sonora

z. disse...

Só agora é que reparei (ao consultar o blog sound--vision) que o Dennis Hopper faleceu. è o que faz andar distraído e ler na vertical. Já tinha consultado os dois entrados e até entrado nos comentários.