sábado, 27 de fevereiro de 2010

ASHLEY HUTCHINGS


Há poucos registos que possam afirmar que este género de música teve impacto no mundo da musica, mas um punhado delas tiveram e Ashley Hutchings como um dos intervenientes.

Afinal ele foi fundador dos Fairport Convention, Steeleye Span e da Albion Band e se alguém merece o título de inventor do folk rock (folk rock é utilizado para significar folk electrificado ) é ele.

Ashley Hutchings também pode ser visto como o principal arquitecto pelo crescente interesse de “Morris” (tradicional dança na Inglaterra) nos últimos 30 anos. Sem ele, a “Morris Dance” provavelmente ainda seria algo apreciado apenas por um restrito circulo e ridicularizado por outros.

O Festival de Croppredy foi testemunho disso, 18.000 pessoas aplaudiram Hutchings e a sua banda de Morris Dance num concerto de 80 minutos de música electrificada, incluíndo dois encores.

Há 30 anos atrás, alguém tentar algo parecido seria vaiado em palco.

Na época, Hutchings visitou Cecil Sharp House, The Folk Dance House e a Society Song, para pesquisar os seus arquivos para o seu material (como em Portugal? Por isso os ingleses têm um historial riquíssimo de folk music).

Um dia encontrou William Kimper tocando (gravada) uma musica “Morris” e ficou apaixonado. Pediu mais gravações e disseram-lhe para entrar em contacto com John Kirkpatrick, especialista e cantor tradicional.

Foi uma grande surpresa para John Kirkpatric quando Ashley Hutchings declarou a intenção de fazer um álbum de musica “Morris” e mais surpreendido quando disse um álbum de Morris eléctrico. Nunca ninguém tinha ouvido falar de tal coisa.

"Morris On" (1972) é um álbum cheio de clássicos (Shirley Collins canta duas músicas) e uma versão majestosa de “Staines Morris" do álbum “Full House", do Fairport Convention.

"Son Of Morris On" (1976). Desta vez não esteve presente John Kirkpatrick, foram utilizados os membros da Albion Dance Band, com Simon Nicol nas guitarras, Phil Picket em instrumentos de sopro e foram ainda convidados Martin Carthy, Shirley Collins e Ian Cutler.

"Son of Morris On" é um álbum como o seu antecessor. Os instrumentais são poderosos e uma abundância de grandes canções. (Esperou 27 anos para ser editado em CD).

"Granson Of Morris On" (2002). Poderíamos dizer que o fosso entre gerações é de um quarto de século, por isso é apropriado que o "Grandson Morris On" surgisse 26 anos depois. A pesquisa foi elaborada por Hutchings com as ajudas de Chris Leslie e Simon Care.

Apesar de ser baseada na mesma música, existem diferenças entre este e os dois primeiros.

A primeira diferença é a banda. Aqui há mais músicos, Neil Marshall e Jim Walker, mais baterias, Jon Moore, Simon Nicol, Ken Nicol e Phil Beer nas guitarras.

A segunda diferença é o aparecimento de faixas não tradicionais.

Globalmente, o "Grandson" é um álbum mais acústico do que os outros. Há faixas que não têm bateria. É ainda um álbum muito bom.

"Great Granson Of Morris On" (2004). Felizmente não tivémos que esperar 26 anos por este álbum.

O álbum bate-se com a banda que percorreu a Inglaterra em 2004. É mais uma banda “allstars”, com Roger Wilson nos vocais e violino, Ken Nicol (Albion Band e Steeleye Span) nas guitarras, Simon Care na concertina, Ashley Hutchings e Guy Fletcher nas baterias. Uma banda digna de tocar em todos os álbum dos "Morris On".

"The Compleat Dancing Master (1974). Para o projecto foram convidados 28 músicos, incluindo Phil Pickett, Simon Nicol, Dave Mattacks, Sue Harris e Peter Knight.

A ambição era cobrir sete séculos de música de dança em Inglaterra (parece outra vez Portugal) e combinar a música com trechos de literatura que descreva a dança. O resultado foi um disco muito variado.

P.S. É este que apresento a capa. Tenho no entanto que dizer que não é um disco de fácil audição, porque este género de música não “anda” nos ouvidos de todos, a não ser aqueles que estejam bem identificados com a british e irish folk .

Fontes: Lars Nilson

Edição de Humberto Polido

2 comentários:

Luis Mira disse...

Sistematização muito completa e interessante, Humberto. Obrigado!

Conheço e tenho o primeiro "Morris On", mas não sabia que tinha dado origem a "sequelas". E vem-me a memória o belíssimo "No Roses", da Shierley Collins com os Albion Band.

Perdi um pouco o contacto com a música irlandesa mais recente. A última boa memória que tenho é a dos "Dervish", ouvidos ao vivo no Porto.

Mais recentemente falaram-me dos "Beoga" (Não me cheira...! Palpita-me que o nome não é nada disto e estou a fazer enorme confusão...) e mandei vir um disco. Não gostei lá muito, mas acho que nunca os cheguei a ouvir, verdadeiramente, com ouvidos de ouvir... E também me cansam os discos exclusivamente instrumentais. Gosto de um pouco de voz humana pelo meio...

Anónimo disse...

Obrigado por me proporcionar este conhecimento.
Da minha procura seguinte, notei que o tema “Staines Morris" não faz parte do álbum “Full House", dos Fairport Convention, mas sim do álbum "House Full".

CMD