quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

TRIO ARARIPA


O Trio Araripa, de que falou no post do Paulo de Carvalho, fez-lhe recordar uma velha história.

No século passado, fez parte de uma lista candidata à Direcção do Sindicato dos Trabalhadores de Terra da Marinha Mercante, Aeronavegação e Pesca.

Escolhido para Presidente da Mesa da Assembleia Geral encontrava-se Luiz Villas-Boas que entendeu que se deveria encerrar a campanha eleitoral com um convívio musical.

Ele trataria de tudo.

Numa tarde de domingo conseguiu juntar na “Guilherme Cossoul”, José Carlos Ary dos Santos, Carlos Paredes, Fernando Tordo e o Trio Araripa.

Segundo Villas-Boas, o Trio Araripa fazia ali a sua estreia e era constituído por José Eduardo, Emílio e João. Navegavam, principalmente, na área jazzistica.

Ary dos Santos, pela primeira vez, recitaria, “Bandeira Comunista”.

Uma figura tímida, praticamente desconhecida, que não estava no programa, mas também recitou poemas. Tratava-se do Joaquim Pessoa.

O convívio acabou no bar da Guilherme Cossoul” e não pode esquecer essa força da natureza que era Ary dos Santos. Acompanhava lulas recheadas com “gin-tonic” e pelo meio recitava poemas e contava histórias deliciosas.

Tempo, agora, para uma chapelada a esse extraordinário Vilas, outra força da natureza, que nos deixou em 1999, um companheiro bem humorado, com uma cultura musical, simplesmente de arrasar.

Não tem qualquer tipo de dúvidas em afirmar que a História do Jazz em Portugal está balizada com um “antes de Villas-Boas”e um “depois de Villas-Boas”.

Colaboração de Gin-Tonic

7 comentários:

DANIEL BACELAR disse...

É bem verdade caro HUGO
O Vilas era insubestituivel.
Oficial de Operações de VOO da KLM,nos meus 41 anos de TAP (a Tap prestava assistência aos aviões da Klm)passámos muitos serões no velho Regional (restaurante do aeroporto da Portela)depois de depachar o voo da KLM (cerca das 3 da manhã)ceando nós os dois com o Zé Duarte (TAP também)outro profundo conhecedor e apreciador de jazz.
E era um prazer vêr aquelas duas almas degladeando-se para se saber quem é que percebia mais de JAZZ.
São tempos que não voltam mais infelizmente!!!!
Uma eterna SAUDADE!!!

filhote disse...

Bela lembrança!

Certa manhã, eu fui o felizardo que comprou na Feira da Ladra uma pequena parte do espólio de Villas Boas.

E que espólio, senhores! Uma mala cheia de jornais New Musical Express e Disc, do período entre 1956 e 1965. Todos os exemplares à flor do cunho, e recheados de Beatles, Kinks, Stones, Hollies, etc. Prometo, um dia, "scanear" alguns...

gin-tonic disse...

Uma notícia nada agradável a tua, apenas aliviada por seres tu a ficares com essa parte do espólio do Villas.
Não se lembra de o ouvir dizer que, em vida, tenha vendido discos, livros ou revistas. Era muito cioso dessa enorme riqueza que possuísa e que nada tem a ver com metal sonante. E sempre admitiu que, após a sua morte, houvesse indicaçãoes para entregar o espólio às entidades que ele considerasse merecedoras de o receber e guardar. A grave doença que o acometeu pode ter precipado, nesse pormenor, acontecimentos que desconheçe.
Quando o Villas morreu, em Março de 1999 ( em 1990 disse que "se não fosse o jazz já estava velhinho") não se encontrava em Lisboa mas soube que foi a enterrar ao som de "Just a Closer Walk with Thee", à boa maneira dos funerais de Nova Orleães, tocado por aqueles que entendiam serem o resulatdo do seu esforço de toda uma vida pelo jazz.
Inesqueciveis os Festivais de Jazz de Cascais em que adorava ser vaiado, assobiado. Para ele eram ternuras.
E, por favor, Filhote põe-me já esse "scanner" a trabalhar e a enviar essa documentação para Mr. Ié-Ié. Essas coisas não se prometem, fazem-se!
Em tempo: Já solicitou a Mr. Ié-Ié as respectivas alterações ao texto no que diz respeito ao nome do Villas que era Luiz Villas-Boas. Mas, claro, que não se lembra de o tratar de outra forma que não o Vilas.
Até jazz! tal como se disse quando,lamentavelmente nos deixou aos 74 anos.

gin-tonic disse...

Caro Daniel:
Devem ser, realmente horas inesqueciveis e não importa muito saber qual dos dois sabia mais de jazz. O Villas já foi o José Duarte ainda está entre nós e, pensa, de boa saúde.
Importa saber que ambos deram muito para que essa "música de minorias" fosse conhecida por mais alguns.
Mas gosta de dizer, e não apenas ele, que o Luiz Villas-Boas foi o pai, a mãe, o irmão, o avô, o amigo, o amante do jazz em Portugal.

filhote disse...

Concordo, Gin-Tonic. Uma pena que o espólio de Villas-Boas se tenha "perdido" por aí.

Nesse dia, fui felizardo, como escrevi, mas a compra deixou-me sempre algum sentimento de incómodo...

carlos disse...

Interessante! Não via nada o Villas-Boas amante dos Beatles, Kinks, Stones, Hollies, e outros que tais!!
Mas ainda bem que o era! Se há uma coisa que detesto são os fundamentalismos na música e os compartimentos isolados em que muita gente gosta de a dividir...
Grande Villas!

soares disse...

o João que aqui falam é nem mais nem menos que o João Heitor, que fez parte do DA VINCI!!

http://vivathe80s.blogspot.com/2010/02/joao-heitor-pinoquio.html