sábado, 30 de janeiro de 2010

PRAZERES QUE MATAM 20


Em Abril de 2009, a Cinemateca Francesa organizou uma retrospectiva da obra de Jaqques Tati, mas não pôde incluir, nos cartazes promocionais do ciclo, o cachimbo que fazia parte integrante da personagem de Mr. Hulot.

Quando o governo francês decidiu fazer um selo comemorativo da entrada de André Malraux no Panteão, a imagem escolhida foi uma célebre fotografia em que o escritor aparecia com a melena esvoaçando sobre um rosto esculpido, e uma ‘beata’ no canto da boca.

Acabaram por eliminar a “beata” da boca de André Malraux.

Logo que, em Novembro de 2002, a lei entrou em vigor em França, o ministro da Saúde preveniu o meio artístico que qualquer representação com carácter iniciático do cigarro, do charuto ou do cachimbo em lugares públicos, tinha que desaparecer de cena.

João Bénard da Costa lembrou, em crónica publicada na altura, que para esse ano os teatros líricos de Toulouse, Dijon, Saint-Etienne e Limoges, bem como o Châtelet de Paris, haviam todos programado a “Cármen”, de Bizet, para essa temporada.

Assim, a ópera que Bizet estreou a 3 de Março de 1875 e que tem como pano de fundo uma fábrica de cigarros e como protagonista uma cigarreira, a celebérrima Carmen, vai ficar transformada em quê?

Também trocaram o cigarro de Lucky Luke, o cowboy que disparava mais rápido que a sombra, por uma palhinha.

De uma coisa há a certeza se, há alguns anos atrás, tivessem sido implantados em Hollywood, eles que implantaram os mais diversos códigos proibitivos, hoje não existiriam cenas de culto que marcam a história do cinema.

Assim, de repente, poderemos pensar em Lauren Bacall e Humphrey Bogart no mítico “Ter Ou Não Ter” ou Bette Davis em “A Estranha Passageira” ou as cigarradas de James Dean em “O Gigante” e esse fabuloso começo de “Paixões em Fúria” com Edward G. Robinson, na banheira, com um charuto na boca.

Colaboração de Gin-Tonic

3 comentários:

Camilo disse...

Com filtro de carvão.
Fumei destes.

Anónimo disse...

O primeiro maço que comprei foi destes, numa tarde de Outubro de1964. Antes de entrar (em Santarém, na Tabacaria Eco, mais conhecida como Diário de Notícias) passei à porta umas três ou quatro vezes, a criar coragem para o acto. No dia a seguir, já não me recordo a quem, vendi-o no Liceu ainda com 14 cigarros.
Não foi em definitivo mas acabou em 30 de Novembro de 1970, em Bissau. O último foi um SG Filtro. O auto-convencimento passou por pôr todos os dias de lado o valor de um maço e, assim, passar a comprar um LP por mês (custavam, na altura e falo de memória, 157$50 ou 188$50 cada um, dependendo da editora). Os dois primeiros foram o "Get Your Ya-Ya's Out" dos RS e Jimi Hendrix & Curtis Knight "Get That Feeling". Outro dos primeiros custou logo 540$00 (na época, um dinheirão para um disco, na Frilux de Santarém) e encomendado da Guiné à namorada: "All Things Must Pass".
Ainda hoje não fumo e ainda hoje compro discos, mas agora só um ou outro CD, excepto o vinil "Maidstone 1970", dos Fairport Convention, comprado já em 2010.
CMD

Unknown disse...

182$ e mais qualquer coisa