terça-feira, 30 de junho de 2009

40 ANOS DE SALTY DOG


SALVO RECORDS - SALVOCD020 - 2009

A Salty Dog - The Milk Of Human Kindness - Too Much Between Us - The Devil Came From Kansas - Boredom - Juicy John Pink - Wreck Of The Hesperus - All This And More - Crucifiction Lane - Pilgrim's Progress

BONUS TRACKS

Long Gone Geek - Goin' Down Slow (live in the USA, April 1969) - Juicy John Pink (live in the USA, April 1969) - Crucification Lane (live in the USA, April 1969) - Skip Softly (My Moonbeams)/Also Sprach Zarathustra (live in the USA, April 1969) - The Milk Of Human Kindness (raw track)

O terceiro álbum dos Procol Harum, "A Salty Dog", faz agora em Junho 40 anos de edição.

Ao contrário da indústria portuguesa, dirigida por uma espanhola, que se marimba para os 40 anos de "Epopeia" da Filarmónica Fraude, os ingleses prezam a sua história, a sua cultura. E fazem questão de isso!

Por apenas £ 8 (€ 9 !!!!!), é possível comprar numa HMV de Londres a requintada edição do 40º aniversário de "A Salty Dog".

Trata-se de um digipack extremamente cuidado, com inlay informativo substancial, tendo as respectivas gravações sofrido a habitual operação de remasterização digital. E há traques bonus.

Entre nós, honra à dupla Jorge Mourinha/Miguel Cadete que bem tenta remar contra a maré, mas o mar é incompreensivelmente deveras alteroso.

19 comentários:

JC disse...

Oh, meu caro, é uma questão de mercado. Quantas eventuais re-edições da Filarmónica se venderiam? Mtº poucas, por certo, isso pouco tendo a ver com a qualidade do grupo. E quantas se vão vender, em todo o mundo, do "Salty Dog"?

E registo essa do "dirigido por uma espanhola". Depois das notícias de "A Bola", parece que o "mata que é castelhano" teima em não passar de moda!
Abraço

josé disse...

Então podereir perguntar ainda:

Quantas edições dos Roquiváruis se venderam?

Mais um pouco: Os cd´s da Banda do Casaco editados há anos já esgotaram. Idem para colectâneas da Filarmónica Fraude que já não se encontram nos disqueiros habituais.

Portanto, antes de fazer as contas, há que contar com o inesperado e...arriscar.

Quanto custa realmente reeditar um disco como a epopeia, com remasterização pelo José Fortes?

Não valerá a pena o esforço e a aposta?

Ou tudo se fica por uma questão de gosto pessoal de quem escolhe quem é editado?

Estas considerações valem para o José Almada, por exemplo.

JC disse...

Só um reparo, José: Não afirmo perentoriamente você não tenha razão. Mas o facto de se terem esgotado pode ou não ser indiciador de rentabilidade: é necessário analisar outros elementos. E atenção, o mercado discográfico está mtº longe de ser o mesmo da há alguns anos. E, como deve calcular, primeiro fazem-se as contas. Apenas se assume o risco se este for apenas uma variável relativamente controlável ou de pequena dimensão. Principalmente em tempos como este. Caso contrário... Ninguém está nos negócios para perder dinheiro.

Muleta disse...

outro dos grupos da minha vida.
além do whiter shade of pale (soberbamente interpretado por gary brooker na praça sony durante a expo) e outras músicas, há uma fundamental: pilgrims progress. é um espectaculo!!
jpa

Anónimo disse...

O mercado discográfico, e estamos a falar do suporte fisico - CD - está (infelizmente) moribundo. A distribuição (lojas fisicas) está a desaparecer, não só cá mas tembém por esse mundo fora. Fruto das novas épocas e das novas tecnologias. A indústria discográfica, tal como a conhecemos...já foi. As novas gerações não compram CDs. As editoras numa politica de avestruz e de quererem "sacar o máximo"...mataram a galinha, e não se adaptaram aos novos tempos (a politica de preços é e foi desastrosa). Constato a realidade.
Naturalmente enquanto "viciado em musica" e adepto incondicional do suporte fisico (existem capas de vynis que são verdadeiras obras de arte)lamento não poder voltar a ter edições da filarmonica fraude, da banda do casaco, apenas para citar alguns.
Fica a apenas o "consolo" de que em três tempos conseguir obter os mp3, dos atrás citados, que por aí circulam. Mas é pouco.
ALA

ié-ié disse...

Não é uma questão mercantilista, caro JC, é uma questão de património cultural, de orgulho nacional (eu tenho orgulho na Filarmónica) de prestígio de uma indústria que, convenhamos, até tem tido muito pouco para oferecer.

Essa do "dirigido por uma espanhola", como inteligentemente deves ter entendido, foi mesmo intencional.

Fôra a Universal ainda dirigida por Tozé Brito ou por David Ferreira, quero acreditar que as coisas teriam sido completamente diferentes.

Quer queiramos ou não, "a espanhola", que não tenho o prazer de conhecer, até pode ser uma "tipa porreira", como já me disseram que era, mas não terá o "feeling", não é do "galo de Barcelos", faço-me entendeder?

Ninguém é masoquista para estar no mercado para perder dinheiro, mas neste caso até nem se perdia.

O orçamento estava feito e a previsão (por baixo) de se vender 1.000 cópias pagava a despesa.

E vendiam-se...

Muitos dos intervenientes na operação, todos portugueses (ah! ah! ah!) tinham oferecido o seu próprio trabalho só para ter o orgasmo cultural de ver a obra da Filarmónica devida e futuramente reconhecida pelas gerações.

Então? Assim, batatas...

Mas vão correr atrás do Tony Carreira...

LT

JC disse...

Mas, LT, todos nós achamos que a FF mereceria tal edição. Isso não está em causa: embora eu tenha uma avaliação "assim-assim" (digamos que suf+) do grupo, a sua importância no património da MPP é inquestionável. O problema é que, 1. não compete às editoras tratarem da questão da preservação do tal património se isso não lhes trouxer proventos (compete ao estado através das entidaes competentes), 2. Mesmo que as tais mil cópias se vendessem (estou em crer que sim), e em face de uma grelha de decisão, a editora iria optar por utilizar os seus recursos (escassos) nesta edição em vez de em outras mais rentáveis?
E o Estado, em face de outras opções? A FF tentou recorrer ao mecenato ou ao "sponsorship"? não sei se o fez, mas, no caso de o não ter feito e em face dos baixos valores que parecem estar envolvidos, talvez não fosse má ideia, apesar dos maus tempos de crise.
E deixa lá a "espanhola"!... já que não és alentejano! Ou então vê se é gira!

filhote disse...

Apenas uma nota, José:

Segundo me informaram, os citados CDs da Banda do Casaco não esgotaram. Estão "encravados" no armazém. Ou seja, as lojas é que, impedidas de os vender à consignação, não pediram mais cópias.

Isto acontece amiúde. Várias pessoas me dizem querer comprar CDs de Pedro e os Apóstolos, e que não os encontram em lado nenhum... cada vez que vou à "terrinha do marasmo", lá vou eu ao armazém da editora comprar discos para os amigos... e, acreditem, jazem por lá caixas e mais caixas deles!

O mesmo se passa com os livros...

A verdade é que o país mergulhou no desinteresse total pelas suas coisas. Pior ainda, pelas suas pessoas.

Louvem-se as tais excepções que remam contra esta medonha tendência!

ié-ié disse...

O meu amigo JC até parece que tem uma costela socialista (eh eh eh), sempre a chamar o Estado como papel de bombeiro.

Salvo melhor opinião, o Estado não é para aqui chamado, a não ser que tenha uma política consistente e sustentada (como se diz agora) de política cultural nesta área, o que me parece que não tem.

Não sendo o Estado para aqui chamado, há agora também (neste século) a chamada responsabilidade social das empresas, a que eu agrego a responsabilidade social do cidadão.

Repito: conheço gente (e alguém até disse que dava algum) que oferecia o seu trabalho para que a edição desse resultado.

E atenção, meu amigo JC (fomento estas polémicas...) nem se tratava, sequer, de uma reedição, mas sim de uma edição completamente nova, diferente. Em tudo!

O álbum original, devidamente remasterizado, mais os EPs, igualmente remasterizados, ou seja a Integral. Poderia ainda ter canções inéditas. Tudo diferente, tudo novo, de qualidade (digo eu!).

Haveria ainda textos contextualizados (boa!), notas históricas, testemunhos, depoimentos, arte gráfica a condizer, estava-se em contacto com a artista no sentido de saber se ainda estava disponível a capa original, etc, etc.

Repito, era um "trabalho de amor" que nem sequer era cara...

É claro que procurámos patrocínios, mas somos todos muito "esquisitos" nesta área.

Fazer um trabalho desta estirpe com o logotipo da SuperBock ou dos cafés Delta? Ná....

Procurar uma coisa mais institucional, tipo Câmara Municipal de Tomar para prendas de prestígio no Natal?

O Presidente é irmão de um dos músicos da Fraude... poderia parecer uma... fraude!

Mas não desisto! Pode-se ter perdido a oportunidade comercial de mercado do 40º aniversário, mas quando me sair o Euromilhões eu faço essa e muitas outras edições!

Até te edito as canções do Mário Simões sobre o Benfica, amigo JC!

abraço amigo e espero contraditório.

LT

josé disse...

Há una anos, o compositor-cantor-músico Roy Harper que tem uma obra de se lhe tirar o chapéu ( os Led Zeppelin já lho tiraram, aliás), reeditou os seus discos em cd, remasterizados, por conta própria, na sua editora Science Friction, com remasterizações a 24 e 30 bits.

Alguns desses discos ainda se chegaram a vender em grandes superfícies. Mas o que ele dizia nas entrevistas era que cada vez se tornava mais difícil. E o mercado de ROy Harper é pelo menos cinco vezes maior que o nosso, sem contar com os arredores.

Por cá, imaginar uma reedição das obras fantásticas e míticas dos autores dos anos sessenta e setenta, soa a utopia.

Espero que com o aperfeiçoamento da tecnologia, no entanto, seja possível em breve, a esses grupos, disponibilizarem as suas obras em formato digital perfeito, sem perdas de sinal, na...Net.

Streamin´in para o nosso disco rígido ou para outros suportes.

Nessa altura, adeus editoras!

Não serei eu a lamentar.

Muleta disse...

grande roy harper - one of those days in england.....

JC disse...

1. Claro que é ao Estado que compete a salvaguarda do património, com socialismo ou sem ele, e até já teve acção relevante nesta área c/ a compra do espólio de Bruce Bastin. Mas não vamos comparar, pois não? O problema é que a obra da FF, se bem que bastante estimável, não tem valor e impacto suficientes para atrair patrocinadores, mesmo que o valor do patrocínio seja baixo. Terá sempre um retorno modesto. E o "target" é um pouco velho demais, o que tb não ajuda!
2. Pois é, o tempo não está mtº para esquisitices... Keep trying...
3. Bom, só espero que não te saia o euromilhões, pois nem o SLB me leva a tolerar as cantiguinhas do Mário Simões!
Abraço

ié-ié disse...

Bruce Bastin?!?! Ah! ah! ah! Fala com os entendidos, companheiro! Que desastre!

LT

josé disse...

O facto de a editora que esteve em mãos de portuguesas há uns anos, não editar os referidos artistas portugueses, por ter passado para mãos espanholas, suscita-me uma dúvida:

Então porque não foram editados quando ainda estavam lá os portugueses ( ou seja, David Ferreira)?

Não tiveram tempo?

JC disse...

Explica lá o desastre, LT, embora aqui o importante tenha sido a intervenção estatal e não o desastre ou a salvação

Luis Magalhães Pereira disse...

Eu peço perdão de interromper o debate FF-espanhola-deserto cultural-euromilhões-País Relativo ( a minha homenagem aos meus FF - os Petrus Castrus!!!!)

mas gostava de sublinhar que A SALTY DOG ( o post é sobre os 40 anos da sua edição, não é?) é um dos discos e canções da minha vida...!

O intro de piano, a voz de Gary Brooker, a letra de Keith Reid, a harpa mais tarde...

all hands on deck, we've run afloat! I heard the captain cry
explore the ship, replace the cook: let no one leave alive!

Across the straits, around the horn: how far can sailors fly?
A twisted path, our tortured course, and no one left alive..


Uma iguaria musical, literária, cinematográfica e sensorial...!

Procol Harum - Imortal!

ié-ié disse...

O que me dizem - e eu nada percebo do assunto - é que o Estado terá sido "aldrabado" na aquisição da colecção, pagando uma exorbitância que a colecção não merece.

Mas, claro, pode ser "dor de corno" de alguém...

Eu acho até que o "Público", em tempos, fez nota disto.

LT

josé disse...

O Estado não deve meter-se nestas coisas.

O que o Estado podia e devia fazer, se tivesse um ministro da cultura a sério e não um ministro pop-up, seria financiar uma recolha de música popular portuguesa para completar o que Giacometti fez há muitos anos e Lopes Graça também tentou na via erudita.

Há tantos organismos culturais sem nada que fazer e a gastar do erário público que essa obra seria não só de grande fôlego como de grande importância cultural.

Mas isso seria se o tal pop-up fosse um classical.

JC disse...

O espólio é fantástico, com gravações de fado do início do século XX, feitas no Brasil. Para além disso, é único.Conheço mtªas das gravações. Quem define o valor de tal coisa? Sinceramente, pelo que conheço das invejas e tricas do mundo da "koltura", deve haver´nas afirmações mtº de "dor de corno". Mesmo que o valor seja excessivo (como disse: quem o determina?) acho foi uma excelente decisão.