segunda-feira, 22 de setembro de 2008

SAFE AT HOME


Faz 35 anos que morreu Gram Parsons (19 de Setembro de 1973). Tinha então quase 27 anos, idade fatídica para uma "Rock Star", como se sabe.

Na música, há gente de quem sou muito próximo, às vezes sem saber muito bem porquê... Questão de sensibilidades, qualquer coisa que um dia nos tocou muito fundo e nunca mais saiu cá de dentro...

Uma dessas pessoas é Gram Parsons.

Razões objectivas para gostar dele, são muitas:

- Na primeira metade dos anos 60, GP andou pela cena "folk" de Greenwich Village, a solo, e com um grupo que se chamava "The Shilohs". É sabido que eu gosto muito desses tempos e dessas músicas... Numa época e num espaço fortemente dominado pelo "Deus Dylan", GP optou por deixar para a posteridade uma série de interpretações de músicas, não de Dylan, mas de outros autores então menos conhecidos, como Tom Paxton, Tim Hardin, Fred Neil, Buffy Sainte-Marie, todos meus "amigos do peito", no que considero ter sido uma enorme prova de sensibilidade e bom gosto da sua parte;

- GP deu a mão e trouxe para a ribalta uma menininha muito tímida de seu nome Emmy Lou Harris (no início era mesmo assim, separado...), que também tinha passado pelos mesmos cafés da Village à procura de um rumo e de um estilo próprio e que acabou por se impôr cantando com Parsons, as canções de Parsons e no estilo de Parsons. E eu também sempre gostei muito dessa menina, que vi crescer até se tornar, hoje, uma respeitável Senhora com os adoráveis cabelos côr de cinza...;

- GP deu voz a muitas das minhas canções favoritas, daquelas que levaria na mala, sem sombra de hesitação, para a tal ilha deserta: "Love Hurts", "Brass Buttons", "A Song for You", "Drug Store Truck Drivin' Man", "Hearts on Fire", "Sleepless Nights" e tantas, tantas outras... Mesmo quando não foi ele o autor original, as suas interpretações são, quase sempre, insuperáveis;

- Finalmente, e para abreviar, GP deu uma forte contribuição para a "invenção" do "Country Rock", de que também tanto gosto, através desse "álbum Bíblia" do género que é "Sweetheart Of The Rodeo", dos Byrds. Mas já antes dos Byrds, ele tinha desbravado esse caminho com um grupo chamado "The International Submarine Band" e depois dos Byrds continuaria nessa via com grupos como "The Flying Burrito Brothers" ou "The Fallen Angels".

A propósito destes últimos, se uma qualquer lâmpada de Aladino me desse a possibilidade de recuar no tempo e assistir a um concerto "Pop Rock" à minha escolha (mas só um...), não escolheria Woodstock, nem Bangladesh, nem Monterrey, nem a Ilha de Wight nem a despedida dos The Band, nem nada em que possam pensar... Escolheria um dos últimos concertos da vida do GP, com os Fallen Angels e a Emmylou Harris (agora já com o nome junto...). Se possível, o que se realizou em Houston, onde teve também a companhia do Neil Young e da Linda Ronstadt...;

GP era, ele próprio, um "fallen angel", com um acentuado "deficit" de adaptação a este "Mundo", uma grande necessidade de reconhecimento e uma enorme dose de generosidade e de carinho para com os outros. A sua música e o seu olhar não enganam. Mas era, em simultâneo, embuído de um forte espírito de auto-destruição.

Tal como outros da mesma cepa, o seu "princípio de vida" parece ter sido "vive depressa, morre jovem e sê um belo cadáver"... Mas se o meu pai se tivesse suicidado com um tiro na cabeça quando eu tinha 13 anos; se pouco tempo depois um padrasto me levasse para longe e me obrigasse a mudar de cidade, de amigos e de nome; e se aos 19 anos tivesse visto a minha mãe morrer lentamente devido a problemas de subnutrição e excesso de alcool, talvez que eu também tivesse sido como ele...

GP adorava isolar-se no Joshua Tree National Park, a poucas centenas de kms a leste de Los Angeles. Aí morreu no dia 19 de Setembro de 1973, na"Joshua Tree Inn" em Joshua Tree, pequeno lugarejo junto a umas entradas do parque. Parece que não de overdose, como muito se escreveu na altura, mas de ataque de coração resultante de muito alcóol e muita droga acumulada.

A história que se seguiu à sua morte é conhecida e algo macabra: Parsons sempre desabafou com os amigos de que o seu maior desejo, quando morresse, era o de que as suas cinzas fossem largadas ao vento no deserto de Joshua Tree. Os amigos juraram promessa e um deles roubou o corpo que já estava em caixão de madeira no aeroporto de Los Angeles, levou-o para o tal deserto, regou-o com gasolina e deitou-lhe um fósforo... Claro que o amigo era bom de coração, mas mau de cabeça... De cinzas nada, a não ser um tronco humano meio chamuscado. E foi esse mesmo "objecto" que acabou por ser, dias depois de descoberta a história, sepultado num cemitério de New Orleans... Há muito que já deve ir no alto mar...

Nesta recente passagem pelos EUA, a maneira que eu encontrei para fazer a minha homenagem pessoal a GP foi atravessar de ponta a ponta o Joshua Tree National Park, ouvindo a sua música tão alto quanto o permitiram os ouvidos e a boa vontade da Cristina. Depois de alguma procura, lá acabei por encontrar a "Joshua Tree Inn", mesmo ao lado da estrada que liga Joshua Tree a Palm Springs.

É um motel de estrada simples, carregado de memórias do GP. A estreita salinha de jantar tem um pequeno quadro de homenagem a GP, certamente obra de algum(a) fã. Para além disso, as suas paredes estão cobertas de posters de concertos da época e de fotografias autografadas, nomeadamente uma da Emmylou Harris.

No pátio interior há uma espécie de"monumento" (na imagem), certamente construído por "admiradores", constituído por garrafas de cerveja, Jack Daniels e outras bebidas diversas, uma guitarra em miniatura e diversos objectos certamente ligados a práticas de espiritismo e outras afins. A frase "Safe at Home" corresponde ao nome do álbum dos "The International Submarine Band", e tem um óbvio sentido duplo.

O quarto nº 8, onde GP morreu, estava ocupado por um jovem que era uma sua cópia fiel. O mesmo estilo, o mesmo corte de cabelo, alguma timidez num olhar que não me era assim tão estranho. Deixou-me penetrar no quarto com prazer, pedindo-me desculpa pela desarrumação. Disse-me que fazia parte de um grupo e que se vinha refugiar naquele lugar com alguma frequência, em busca de inspiração. Afectado com a situação, não lhe liguei muito e não lhe perguntei mais nada, tendo-me despedido dele com um imbecil "maybe it's you the next bright star of cosmic american music" (era assim que GP gostava de designar a sua música).

Na mais conhecida das músicas que compôs, "Hickory Wind", GP evocava a South Carolina da sua adolescência, as árvores altas a que subia e o bom que era apanhar com aquele vento em cheio na cara. E acrescentava, na mesma música: "and now when I'm lonesome, I always pretend that I'm getting the feel of wickory wind"...

Jamais saberemos se uma breve lufada de ar fresco ainda foi a tempo de penetrar naquele quarto e de lhe passar suavemente pelos cabelos, antes de fechar os olhos para sempre...

Desculpem o devaneio!

Colaboração de Luís Mira

20 comentários:

josé disse...

Devaneio fantástico pelas memórias da cosmic cowboy music, de ressonância estranha, mas de grande sensibilidade à melancolia.

E Hickory Wind é, certamente, um dos melhores exemplos dessa música ligada ao gospel, country e rock.

O disco Live 73, de um programa de rádio, saído nos anos noventa, em cd, é um repositório dessa música que também aprecio sobremaneira.

The new soft shoe, por exemplo, integra toda a beleza da música de Parsons.

Em 1974, a Rock & Folk já escrevia sobre o músico e ainda antes de conhecer as canções, mesmo antes de ouvir Sweetheart of the rodeo, já gostava do ambiente temático e do que a revista escrevia sobre os cosmic cowboys.

Por isso, redundei na Nitty Gritty Dirt Band, nos Byrds, nos Eagles, naturalmente e ainda em Neil Young e depois em toda a country extensível aos clássicos.

Há por aí um dvd que conta a história de Parsons, com entrevistas a vários indivíduos, incluindo o tolo que roubou o caixão para cumprir a vontade do músico falecido.

Também a Rock & Folk tinha escrito sobre isso na época, mas só agora vi, em imagens os sítios e as pessoas.

Gostava também de fazer essa viagem iniciática, embora desconfie que nunca se deve voltar ao lugar onde já se foi feliz.
Mesmo que seja um lugar imaginário...

gin-tonic disse...

Emmylou Harris disse, recentemnete, numa entrevista: "Bob Dylan e Leonard Cohen trouxeram-me o amor pela música e pelas letras. Com Gram Parsons aprendi a minha voz."

filhote disse...

Instigante devaneio, sem dúvida. E muito bom gosto, caro Luís Mira...

Resta-me acrescentar, como stonemaníaco profissional, que sem o insuperável Gram Parsons muito provavelmente não existiriam canções como "Dead Flowers", "Wild Horses", "Sway", "Sweet Virginia", "Winter"... aliás, sem GP, o LP "Exile on Main Street" não seria o que é...

GP exerceu enorme influência sobre Jagger e Richards. Notoriamente sobre este último. A primeira versão editada de "Wild Horses" é mesmo a de GP via Flying Burrito Brothers!

filhote disse...

Gram Parsons esteve entre Setembro e Novembro de 1971 em Villefranche-sur-mer, Nellcôte, França, exílio de Keith Richards e acólitos. E por lá deixou a sua marca.

Claro, também podemos dizer que essa temporada, tornada lendária pelas sessões de gravação de "Exile on Main Street", deixou marcas profundas na saúde física e mental do nosso querido "fallen angel"... heroína, Jack Daniels, cocaína, morfina...

A melhor ilustração deste período está contida na colecção de fotos de Dominique Tarlé ("Exile", Genesis publications).

A ligação GP-Stones já vinha dos anos 60. Por exemplo, os Flying Burrito foram uma das bandas de abertura dos Rolling Stones no macabro concerto de 6 de Dezembro, 1969, em Altamont, USA (ver o filme "Gimme Shelter).

filhote disse...

E não posso deixar de aqui escrever... para mim, "Grievous Angel" é dos melhores LPs de sempre! Decididamente no meu TOP!!!

Acabo de pôr o disco a rodar no meu Thorens... "Return of the Grievous Angel"... que arrepio... e as harmonias da Emmylou... ai senhores!!!

josé disse...

Thorens...so do i. O modelo 166 MkII, equipado com a Audio Technica OC-7 é o que me permite ouvir os LP´s. Cada vez melhor.


No mês passado, num centro comercial nessa Europa, vi ao vivo o Linn Sondek LP12, equipado com o Linn Ytok. Deslumbre! Custava cerca de 5000 euros...

Por causa destas coisas coloquei agora mesmo no prato do Thorens, o Lp The Gilded Palace of sin, dos Flying Burrito Brothers, com Gram Parsons, na prensagem portuguesa da Valentim de Carvalho, de ano não indicado e na gaveta do leitor de cd´s/ Sadc/ dvd-audio, Pioneer Dv 5656A, o cd "digitally remastered", com o mesmo disco, da A&M , edição de 1997.

Sabem que disco apetece mais ouvir, sem cansaço e com a qualidade com que merece ser ouvido?

Escuso dizer...porque a diferença do analógico para o digital é notória. E nem sequer é uma boa prensagem, a do LP.

josé disse...

A diferença fundamental do cd digital para o LP analógico, reside no ataque ao som.

No cd, é mais imediato, puxado, repuxado, como que expelido pelos altifalantes ( no caso de uns auscultadores Sennheiser HD 600,m topo de gama portanto). O LP, tem um som mais envolvente, mais "quente", mais confortável e na mesma bem definido como no cd.

josé disse...

Não esquecer na música dos FLying Burrito Brothers, nunca esquecer mesmo, a participação de Chris Hillman, o génio, a seguir a Jim McGuinn.

Chris Hillman, tem uns álbuns a solo, mesmo os recentes, que apetece ouvir.

Aqui há uns meses, apanhei-me por Morning Sky, de 1982 que apanhei em mp3 na net ( quem quiser, é só dizer que reenvio) e só descansei quando ouvi em cd.

Grande disco, de country rock. Entra-nos por um ouvido; instala-se e fica ali, semanas a fio.
E nós a ter que o alimentar, dar dormida, tratar da sua presença constante a toda a hora.
Como um bichinho de estimação.

josé disse...

E não se esqueçam também de Gene Parsons. O Lp Kindlings, na prensagem americana, vale a compra pela capa.
E o primeiro tema Monument, é um...monumento.

Eu perco-me com esta música, porque estou a ouvir agora mesmo My Uncle, dos Burrito.

É uma paixão, isto.

E vou já escrever sobre os Burrito.

josé disse...

E já me esquecia da Emmy Lou Harris.

Nos setenta, publicou dois ou três discos que ouvi e ouvi: Quarter moon in a ten cent town , de 1978 e principalmente Blue Kentucky Girl de 1979.
Tudo covers, mas com uma particularidade importante: a colaboração de um guitarrista fundamental da country, Albert Lee. Inglês, fez parte dos Matching Head and Feat e que dá água pela barba aos americanos de Nashville.

E a canção Even cowgirls get the blues ( que título!), passa bem em qualquer sítio e qualquer época.

Anónimo disse...

O Albert Lee foi guitarrista dos Heads, Hands And Feet, grupo inglês de country-rock. Matching Head and Feet é o título de um álbum do Kevin Coyne. Nada a ver.

josé disse...

Exacto. Burrice minha.

josé disse...

Podia ter ido ver ao Google, mas fiei-me na memória que já não é o que era...

filhote disse...

Albert Lee que também acompanhou Eric Clapton nos 70... vale a pena ouvir o duplo LP ao vivo "Just One Night"...

Anónimo disse...

Caro Filhote. Só agora respondo porque só agora entrei no "site". Tem toda a razão em evocar a ligação dos GP aos Stones. Eu não fui por aí para não "massacrar" ainda mais os meus amigos Hugo Santos e Rui Bento, verdadeiros destinatários do meu texto e das minhas fotografias (ele acabou por ir parar ao Ié-Ié através de um passe de magia...). Faço-lhe até uma confissão pessoal: não sendo um incondicional dos "Stones", gostei bastante do "Exile", e só muito tempo depois tomei conhecimento dessa ligação ao GP. Como vocé bem refere, ela acabou por ser extremamente nociva para o GP e terá marcado até o começo da sua degradação. Mas não conheço as fotografias de Dominique Tarlé. Quanto a Altamont, o GP é uma das pessoas que vemos entrar no helicópetro nas cenas finais do "Gimme Shelter". Li algures que também por lá andava a "Mamma" Michelle Philips, que devia andar enrolada com algum deles (ou com todos em simultâneo...)
No que respeita ao LP "Grievous Angel", de que vocé tanto gosta (e eu também...), deve saber que ele contem uma curiosidade: a sequência "Cash on the Barrelhead" e "Hickory Wind", aparentemente uma fabulosa gravação ao vivo identificada como sendo um "Medley Live From Northern Quebec", não passou de uma brincadeira feita em estúdio pelo GP e seus colaboradores... Eu fui bem enganado e só o descobri quando, muitos anos mais tarde, li as notas que acompanham o duplo CD GP/GA...
Em relação às observações do José, confirmo que existe um DVD que se chama "Fallen Angel", fácilmente importável, que conta a história, embora tenha o inconveniente de ser um tanto ou quanto "lamechas". Existem também outros livros de referência, e as recentes reedições em CD e compilações vêm quase sempre acompanhadas de textos históricos muito interessantes.
Quanto a Chris Hillman e Gene Parsons são peças incontornáveis deste "puzzle" da "Country-Rock". Mas eu permito-me trazer à baila um nome hoje mais esquecido, mas de enorme importância: Clarence White, que morreu atropelado por um condutor bêbado antes de poder publicar o seu primeiro album a solo. Eu tenho um LP com algumas músicas dessas sessões de gravação que não chegaram ao fim, que são verdadeiramente excepcionais e me levam a lamentar que se tenha perdido o que seria, certamente, mais uma obra-prima do género.
Luis Mira

josé disse...

Clarence White, of course.
E que Lp é esse que não me ocorre assim de repente e nem fui ver a mais lado algum?

Nashville West, pelos Byrds, é um must do country-rock. E também o título de um disco.


Mas sobre este género, já agora, não esqueçamos Gene Clark e os seus dois discos, em parceria com Doug Dillard, um deles em Fantastic Expedition.

Tenho esses dois num só cd da A&M e lembro-me de ouvir o LP, a primeira vez, no programa de country de Jaime Fernandes.
Foi uma revelação e o disco é de 1969, portanto, um dos percursores do género.

Anónimo disse...

Caro José,
Nashville West é uma música dos Byrds cuja versão em estúdio faz parte, se a memória não me atraiçoa, do album "Dr. Byrds and Mr. Hyde". Mas eu prefiro a versão "ao vivo", mais pujante, que está no duplo "Untitled".
Mas Nashville West é, também, o nome de um grupo efémero de que fizeram parte o Clarence White e o Gene Parsons, tendo deixado em testamento um album do mesmo nome,salvo erro em 1972.

Quanto ao album a que me referi, chama-se "Silver Meteor - A Progressive Country Anthology", e foi editado em 1980 pela Sierra Records, que tinha então um belo catálogo de Country e de Bluegrass a que perdi o rasto.
O LP (que nunca mais vi em lado nenhum, seja em vinil ou em CD...)contem 4 músicas do Clarence White, 2 da Casey Kelly, 2 dos Everly Brothers, 1 da Barbara Keith, 1 dos Levit and McClure e duas dos Blue Velvet Band.
Clarence White é acompanhado por gente ilustre, tal como Roland White, Herb Pedersen e um tal de Ry Cooder na "slide guitar". As gravações dessas músicas foram efectuadas em 28 e 29 de Junho de 1973, 15 dias antes de C.W. morrer (não é "erudição barata"... está tudo contado na contra-capa do disco!)

Quanto à genealogia do "Country-Rock", a coisa parece-me ser mais complicada... Mesmo antes do "Sweetheart..." é possível encontrar "embriões" do género nos albuns anteriores dos Byrds. Dois exemplos que me saltam à memória: "Time Between", que faz parte do "Younger Than Yesterday", de 1967; "Wasn't Born to Fallow", que faz parte do "Notorious Byrd Brothers", de 1968. E com algum esforço ainda era possível ir mais longe... E não será possível encontrar sinais do género nos ´"Kentucky Colonels"? E no "John Wesley Hardin" do Dylan, de 1967? E no "Music From Big Pink", dos "The Band", de 1968?

Eu acho que não haverá um só "Deus", mas uma série de influências que se cruzaram no mesmo tempo e no mesmo espaço (básicamente o eixo Los Angeles/San Francisco, embora alguns exemplos que lhe dei até sejam das montanhas de Woodstock...)

Mas será sempre possível encontrar alguns albuns emblemáticos dessa "gestação", antes do "Sweetheart...) ou da mesma altura:

- "Safe At Home", dos International Submarine Band, de 1967 (embora só comercializado em meados de 68);
- Gene Clark With the Gosdin Brothers, também de 1967;
- o por si referido "The Fantastic Expedition of Dillard & Clark", de 1968,

e outros que se seguiram de imediato e ajudaram a consolidar o género, e, inclusivamente, a dar-lhe outros contornos:

- "The Gilded Palace of Sin", dos F.B. Brothers, de 1969;
- "Moby Grape 69"
- "Nashville Skyline", do Dylan, também de 69;
- "The Band", igualmente de 69
- "American Beauty", dos Grateful Dead, de 1970;
- "Magnetic South", de Michael Nesmith and the First Nastional Band", também, de 70;
- "White Light" de Gene Clark, de 1971;
- "New Riders of The Purple Sage", com o album do mesmo nome de 1971 e o "Powerglide" de 72;
- "The Eagles" e "Manassas", do Steave Stills, ambos de 72;
- o muito especial e multifacetado "Will The Circle Be Unbroken", dos N.G. Dirt Band + a velhada toda, também de 1972,
- e por aí fora...!

Eu acho que toda esta história ainda está um bocado por fazer, tanto mais que as sucessivas reedições de CD's dessa época reservam muitas surpresas e levam-nos a concluir que, se calhar, a "História" nem sempre é como nos contaram. Mas, como diria o velho John Ford pela boca do James Stewart, "quando a lenda suplanta a realidade, publica-se a lenda...".
E, para dar um exemplo de "lenda" num tipo de música que não anda muito longe desta que falamos, ainda hoje se escreve que foi Bob Dylan quem inventou o "Folk Rock", na célebre noite de 24 de Julho de 1965, em Newport, quando pôs de lado a viola acústica e se juntou ao Paul Butterfield Blues Band, quando já antes os primeiros Byrds voavam nessa direcção e os "Animals" haviam lançado a sua versão do "The House of The Rising Sun", em 1964...!
Desculpe a maçada, mas isto é como as cerejas e eu hoje tinha tempo...

filhote disse...

Nunca esquecendo os Buffalo Springfield e os Creedence Clearwater Revival... estou neste momento a ouvir o extraordinário "Green River"!

filhote disse...

E seguindo a genealogia Country-Rock-Folk-Rock-Alternative-Country-Americana, não deixem de ouvir o disco de estreia dos Fleet Foxes, "Fleet Foxes" (Subpop, 2008)... monumental!!!

josé disse...

Os Creedence são o primeiro grupo americano que me chamou a atenção no início dos setenta.
Proud Mary e Have you ever seen the rain, são clássicos para mim.

O rato anda a pedir canções da vida. Uma delas, para mim, é Have you ever seen the rain.

Foi a partir daí que passei a ligar a outros grupos.