sábado, 19 de julho de 2008

VARINA DA MADRAGOA


Desde a década de 70 que frequento com alguma regularidade a Varina da Madragoa, em Lisboa, (depois, também, a Mercearia).

É um restaurante simpático, com bom ambiente, boa cozinha, uma excelente relação preço/qualidade.

Ainda me lembro dos almoços de Domingo de José Saramago e Isabel da Nóbrega.

Desde que a ASAE entrou em funcionamento, a Varina foi obrigada a perder alguma da sua identidade: o vinho deixou de ser servido em jarros de barro e os panados - acho que é o único prato que conheço! - deixou também de ser servido em barro.

Mas continua a ser uma boa escolha!

10 comentários:

filhote disse...

Meu deus! Também deram cabo da Varina e da Mercearia?!?

Nesses dois restaurantes passei a minha infância, adolescência e idade adulta (menos). Normal, para quem viveu 35 anos entre a Lapa e a Madragoa.

Vários aniversários festejei lá... e o Cordon Bleu da Mercearia sempre fez as minhas delícias... foi lá que aprendi a gostar de rabanetes...

E nunca vi máquinas de costura tão sabiamente aproveitadas!

ié-ié disse...

O curioso é que nunca nos encontrámos por lá! Os dois restaurantes estão no meu top 5! Há um empregado na Varina, forte, de bigodaça, que eu já o conheço desde miúdo lá. E os livros na Mercearia? Eu como sempre o panado (pena que já não tenha aquela couvita de Bruxelas, a Teresa vai sempre pró Cordon Bleu). Ainda havia o Carvoeiro, mas foi sol de pouca dura.

LT

filhote disse...

É verdade, o Carvoeiro... nem me lembrava...

De certeza que nos cruzámos várias vezes na Varina e na Mercearia. Não te esqueças que só nos conhecemos em 1989, na Record Runner, em Madrid. E, nessa altura, eu tinha 22 anos e frequentava esses restaurantes muito esporadicamente...

É que eu ia muito à Varina e à Mercearia levado pela minha mãe, e aos 22 já tinha vida própria... rsrsrsrs...

filhote disse...

Mas agora que falas nesses hipotéticos desencontros, lembro-me de lá encontrar a Teresa algumas vezes... tenho quase a certeza...

JC disse...

Um pouco de História: "O Varina da Madragoa" começou por ter como proprietário, ainda nos anos 70, Francisco Queiroz, que tinha vindo de Angola. Foi lá que ele inaugurou a "inovação" de ler e explicar a "carta" à mesa, em vez de, pura e simplesmente, a dar para consulta. Comia-se bem uma comida simples,com alguma combinação de pratos típicos lisboetas e algumas "importações" angolanas. Era, em certa medida, um local de culto gastronómico nesses anos, a preços razoáveis, o que permitia ser frequentado por toda a família ou por grupos de amigos na altura, com menos de 30 anos, ainda com pouco dinheiro para essas andanças. Mais tarde, Francisco Queiroz mudou-se para o "Sua Excelência", na Rua do Conde, onde continuou a explicar a "carta" à mesa ("a carta sou eu", dizia naquele seu jeito inconfundível), apurou a criatividade e elevou os preços. O "Sua Excelência" era um bom restaurante, já um ou dois degraus acima na qualidade, ambiente e preços, mas o dinheiro tb já era um pouco mais abundante. Tb com um ambiente mais "afrodisíaco", altura, portanto, de levar companhia feminina para "tête à tête". Há anos que lá não vou e acho o Francisco Queiroz se retirou ou terá "ido desta para pior". À "Varina" nunca mais lá fui, desde os finais desses anos 70, apesar de continuar a morar por perto (Estrêla).

ié-ié disse...

Obrigado, JC, por este "pouco de História". E sim, também fui frequentador do "Sua Excelência" no duplo formato: ou "tête-à-tête" ou na versão de "ouvir a ementa". E nisso éramos muito maus, mesmo. "Sua Excelência" ficava em frente à NP (Notícias de Portugal), cuja sede era na antiga vivenda de Rey Colaço (agora parece que está uma instituição do Ambiente). Era tão delicioso ouvir a ementa cantada que, quando chegava ao fim, invariavelmente pedíamos para repetir. E as sobremesas? Aí era mesmo um abuso pedir a repetição.

Tenho de passar por lá, ver se ainda existe. Naquela zona havia ainda o bar dos Sheiks (Pintado de Fresco), os Stones e ainda havia mais. E foi num café, lá ao fundo, que eu recuperei uns óculos redondos à Lennon. Estavam no lixo e pedi-os.

LT

filhote disse...

Tambem fui muitas vezes ao Sua Excelência... e estão a esquecer-se da Drogaria Ideal, practicamente mesmo em frente!!!

Ainda a propósito de Varina da Madragoa, resta acrescentar que, posteriormente, o dono era o simpático sr. Oliveira (também dono da Mercearia e do Carvoeiro). Escrevo "era", pois parece que já passou o testemunho a outro...

ié-ié disse...

Isso mesmo, Filhote! Drogaria Ideal, ao fundo da rua. Obrigado!

LT

gin-tonic disse...

Por ementas cantadas recordo o Bernardino, um tasco-mercearia perdido na Serra d’Ossa em que esse calmeirão alentejano vinha cantar à mesa o que havia para comer. Disseram-me que fez obras àquilo, canta ainda a ementa, mas perdeu todo o cunho popular e ingénuo de outrora. A tal globalização…
O meu pai contava a história de um galego, que tinha um tasco ali para os lados da Rua Jardim Regedor, junto à secretaria do Glorioso, pediam-lhe a ementa e ele respondia: “Mas você vem para aqui para comer ou para ler?...”
Eduardo Fernandes num livrinho “Petisquinhos de Lisboa”, publicado em 1941, também fala de ementas cantadas e conta: “o antigo galego, serviçal das casas de pasto, em vez de nos dar a lista das comidas e bebidas se perfilava ante o freguês e começava:
- Tem bomecê, muito belamente, cabeça de porco, orelha e chispe, carne de baça prá guelha, canoas…
E era um nunca acabar de petisqueiras que o galego enunciava com a presteza com que nós rezamos um padre nosso, terminando, sempre, a concluir, a perlenga, com o consagrado: “ tem-me a mim e ao mestre”, como quem diz que estavam às nossas ordens ele e o mestre cozinheiro que confeccionava os pitéus.”

Bárbara Miranda disse...

Há alguns anos que conheço este restaurante que sempre prezou pela simpatia da casa e pela excelente comida e por isso decidi este ano fazer o meu jantar de aniversário.
A maior desilusão...
Desde o vinho da casa ser pior que uma tasca na Amadora, às doses minimas e insuficientes todos, incluindo cogumelos quase crus e faltando os vegetais a acompanhar (Acordados no menu) até ao preço ter sido aumentado 1 euro por pessoa por terem vindo 2 doses a mais. Note-se que o menu seria à descrição.
Rematou com a falta de educação do novo gerente em não reconehcer o erro da casa e não defendendo o seu funcionário que estava aflito a atender às reclamações. Apenas recebeu o dinheiro e calou-se.
Queremos os nossos restaurantes tradicionais entregues a profissionais.
Que tristeza!