sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

LOURENÇO MARQUES (06)



Esta imagem está incompleta, veêm-se apenas dois elementos de uma trilogia: o edifício da Câmara Municipal e a estátua do Mouzinho.

Se o fotógrafo tivesse, como muitos outros o tiveram, o bom gosto da composição, ter-lhe-ia sido suficiente avançar um pouco mais para a esquerda e rodar a câmara ligeiramente para a direita.

Com esses dois pequenos movimentos a Catedral apareceria no enquadramento e, então sim, teríamos o ex-libris da cidade devidamente representado.

Quando se recorda a cidade, mesmo as pessoas que nunca pisaram terra laurentina, é esta a 1ª imagem que vem à memória. E no entanto não foi algo premeditado no estirador de qualquer arquitecto, visto os três elementos terem tido géneses diferentes: primeiro apenas existia a catedral no local; ou melhor, uma outra catedral, denominada Nossa Senhora da Conceição, construída em 1880 e demolida nos anos 40 para dar lugar ao edifício actual.

O monumento a Mouzinho foi inaugurado em Dezembro de 1940 e apenas 7 anos depois é que os Paços do Concelho tiveram assento neste novo edifício (o anterior situava-se junto ao que é hoje conhecido pelo prédio dos 33 andares, no cruzamento da Av. da República com a Av. Augusto Castilho). Foi necessária portanto quase uma década para que o coração da cidade começasse a bater assim, em perfeita sintonia.

Essa harmonia durou apenas 28 anos. Quando em 1975, após a independência, a estátua foi amputada deste cenário, foi como que um quadro de grande valor tivesse sido vandalizado, e a beleza da composição perdeu-se para sempre: um dos vértices do triângulo deixou de estar suspenso, ficando irremediavelmente por terra.

Texto de Rato

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